Nesse domingo se comemora o Dia Mundial da Saúde Digestiva. De acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia, cerca de 20% da população de todo mundo sofre com doenças intestinais, sendo que 90% desses se automedica ou simplesmente não procura solução para o problema. Estômago, fígado, pâncreas e outras estruturas do sistema digestório também necessitam de atenção, por isso nessa data é importante lembrar do papel da prevenção e da realização de exames para preservar a saúde.
De acordo com o gastroenterologista do Hospital Dom João Becker, José Renato Hauck, a visita ao médico e a realização de exames como a Endoscopia Digestiva Alta (EDA) e a Colonoscopia, a partir dos 45 anos de idade, são as principais alternativas para a perfeita saúde do aparelho digestório.
– Esta investigação se impõe, proporcionando significativa prevenção no risco para evolução de determinados achados, até cânceres – comenta.
Segundo Hauck, no caso de pacientes com histórico familiar, é prudente realizar o exame de endoscopia mais precocemente do que o padrão. A colonoscopia também se torna importante para avaliar questões ligadas a saúde do intestino.
– Conseguimos identificar lesões precursoras e realizar tratamento adequado – ressalta o gastroenterologista.
A obesidade tem sido a principal vilã contra a saúde do sistema digestório. Estudo promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), projeta que em 2030, cerca de 70% da população brasileira estará com sobrepeso, sendo aproximadamente 30% obesos. Isso equivale a dizer que daqui a oito anos chegaremos a triste marca de sete em cada dez brasileiros fora do padrão recomendável.
Segundo Hauck o excesso de peso é, sim, um dos principais fatores de risco para surgimento de lesões graves e tumores.
– Isso sem falar em possíveis problemas no sistema cardiovascular, renal e nervoso central. No fígado, por exemplo, a infiltração gordurosa causa diversos transtornos – alerta o médico do HDJB.
Controlar o peso e manter uma dieta balanceada são dicas importantes.
Uma das iniciativas que o Dom João Becker vai apresentar em breve é a remodelação do serviço de endoscopia.
– Dentro dessa ideia de preocupação com as doenças ligadas ao sistema digestório, a EDA é nossa aliada. Já temos boa estrutura e profissionais de alta capacidade. Mas queremos e vamos melhorar ainda mais – anuncia o superintendente do hospital, Antonio Weston.
Segundo ele, uma nova área personalizada para a endoscopias será construída no quinto andar do hospital. Ali, a equipe de endoscopistas, anestesistas e profissionais de enfermagem vai atuar de maneira focada nas doenças do sistema digestório.
'Agir com o fígado'
Muito se fala em ter “estômago”, agir com o “fígado”, como figuras de linguagem relativas a pessoas com falta de paciência. Essa analogia é correta? Esses órgãos têm alguma relação com o psicológico? José Hauck explica:
– Desde a antiguidade o Fígado traz um estigma de participação em sintomas e situações amplas. Na Mitologia vale lembrar a figura de Prometeu acorrentado, cujo fígado era devorado e se reconstituía a cada dia. Na prática e na ciência não há uma correlação indicando este raciocínio como forte impressão cultural. Já o Estômago sofreu drástica mudança após a comprovação da relação entre úlcera e a bactéria Helicobacter Pylori. Nos anos oitenta, nas faculdades de medicina se estudava, inclusive, a chamada personalidade ulcerosa. Entretanto, esses conceitos caíram por terra. Cabe sempre recordar que doenças ocorrem em seres humanos e as situações de stress sempre influenciam na sensibilidade dos sintomas – comenta o médico.
Hauck também faz menção a Síndrome do Intestino Irritável, que é um quadro clínico que tem vinculação com fortes alterações de caráter emocional e stress.