As flores do um milhão e meio de votos tornam-se cada vez mais lírios para Carmem Flores, a ‘senadora do Bolsonaro’, ex-PSL, que fez 41.441 em Gravataí, onde só não foi a mais votada por 117 votos, e, por isso comento, tinha como suplente o vereador gravataiense Evandro Soares (DEM).
Tratei das suspeitas sobre a dona da loja de sofás nos artigos Evandro não precisa desculpas por ’senadora do Bolsonaro’ e ’Nereu do Bolsonaro’ réu sob suspeita de caixa 2; é representante local, publicados pelo Seguinte:. Volto a esse ‘efeito aldeia’ ao fim do artigo.
Antes, curtamos esta quinta, onde GaúchaZH vai além, em reportagem do objetivo e furungador jornalista Carlos Rollsing. Siga a reprodução, na íntegra, depois comento:
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A Secretaria de Controle Interno e Auditoria do Tribunal Regional Eleitoral (TER) listou, em 18 páginas, sete tópicos com "inconsistências graves" e "falhas" na prestação de contas de campanha de Carmen Flores, candidata ao Senado em 2018 e ex-presidente do PSL no Rio Grande do Sul.
No último dia 18, GaúchaZH revelou que a empresária fez 76 operações sucessivas na conta bancária de campanha, após o término da eleição, com depósitos de baixo valor e saques na boca do caixa.
Os apontamentos do TRE expõem itens como ausência de documentos obrigatórios, não declaração de receitas e despesas, falta de comprovação da prestação de serviços, operações bancárias possivelmente irregulares e gastos em estabelecimentos da família com recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fefc).
O TRE incluiu o documento no processo judicial eletrônico, que é público, nesta quarta-feira (27). Foi determinado que Carmen seja intimada a prestar esclarecimentos. Após, o órgão emitirá um parecer conclusivo sobre as contas dela, o que ajudará o Ministério Público Eleitoral a formular sua posição diante do caso.
Entre os apontamentos, estão as 76 operações sucessivas feitas por Carmen e por um contador na conta de campanha em três dias após a eleição, totalizando movimentação atípica de R$ 75.680,00. Foram depósitos que, em maioria, tiveram valor de R$ 1 mil, abaixo de R$ 1.064, referência que obriga que se faça a movimentação por transferência eletrônica entre contas. As transações foram feitas na boca do caixa e, nos mesmos dias em que depositava, Carmen sacava os valores integrais — ou próximos disso — em operação única. O TRE destaca que esse tipo de prática contraria as regras eleitorais.
"Os valores recebidos em desacordo com a norma, ou seja, sob a forma de depósito em espécie, impossibilitam o cruzamento de informações com o sistema financeiro nacional e obstam a confirmação da exata origem dos recursos recebidos", diz trecho do relatório, que pede o recolhimento dos valores movimentados irregularmente ao Tesouro Nacional.
Em outro trecho, o órgão aponta o gasto de R$ 34 mil, com recursos do Fefc, para comprar cadeiras, mesas de escritório e de jantar e móveis de cozinha, em uma loja da rede Carmen Flores em Xangri-Lá, no Litoral Norte. As notas fiscais foram emitidas em 9 de outubro de 2018, após o encerramento do primeiro turno eleitoral, do qual a empresária participou como candidata ao Senado.
"As despesas foram realizadas com recursos públicos, cujo fornecedor é a própria candidata, o que pode sinalizar desvio de finalidade do gasto eleitoral ou saque indevido de recursos públicos", salienta a análise.
O material ainda discorre sobre ausência de documentos comprobatórios de despesas feitas com o Fefc que totalizaram R$ 90.236,14. Dentre outros itens, é destacado o aluguel de um imóvel na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, feito pela campanha de Carmen junto à empresa Bel Inácio Móveis. Esse estabelecimento locado é de propriedade da filha de Carmen Flores. O valor cobrado foi de R$ 40 mil pelo aluguel entre maio e outubro de 2018. Os técnicos do TRE apontaram que a locação para fins eleitorais somente poderia ocorrer a partir de 29 de julho, quando foi realizada a convenção do PSL. Ou seja, houve pagamento por serviço fora do prazo permitido.
Ainda há questionamentos sobre pagamentos de R$ 95,1 mil, em três parcelas, feitos pela campanha à empresa Vani Ribeiro. Não há comprovação de que os serviços alegados foram prestados. Também não está identificado nas operações bancárias quem foi o beneficiário dos cheques emitidos para quitar dívidas com essa prestadora de serviço.
"Sem a apresentação da microfilmagem do cheque nominal não há como aferir a destinação do recurso público", pontua o relatório.
Os técnicos do TRE ainda definiram como "grave" a omissão de despesas de R$ 64,2 mil. São gastos da campanha de Carmen verificados nas movimentações bancárias, mas que não constaram na prestação de contas.
Também é descrita como "inconsistência grave geradora de potencial desaprovação" o fato de a empresária ter recebido uma doação de R$ 66 mil que, posteriormente, não teria sido declarada nas receitas.
Contraponto
Advogado de Carmen Flores, Lucas Ceccacci diz que está "analisando o relatório do TRE para encaminhar os esclarecimentos necessários". Ele informou que as justificativas serão apresentadas no processo e que, depois, uma nota será encaminhada à imprensa.
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Comento.
Evandro Soares (DEM), vereador de Gravataí, era o vice de Luis Carlos Heinze (PP) na disputa pelo Palácio Piratini. Sofreram um golpe de Ana Amélia Lemos, que apostou em ser embalagem de picolé de chuchu, ao ser indicada vice de Geraldo Alckmin (PSDB). Hoje, poucos duvidam que, pela identificação com Jair Bolsonaro, o governador gaúcho seria Heinze, e não Eduardo Leite (PSDB).
Evandro Ramos Soares, aos 43 anos, seria vice-governador, o que nunca aconteceu antes na história de Gravataí.
Articulação política para uns, prêmio de consolação para outros, o farmacêutico, no segundo mandato como vereador, ganhou a suplência de Carmen Flores ao Senado. À época, a empresária tratava o PSL como ‘nova política’ e não ‘balaio de gatos’, como, foi isso?, criticou os gatos ao sair do partido.
Deu no que deu. Algo tão azedo como laranjas que não são do céu.
Evandro não tem nenhuma relação jurídica com o que foi feito de certo e, se provado, feito de errado, na campanha de Carmen. Nosso farmacêutico não tinha conta própria de campanha. Mas, na região metropolitana, é o ‘cara’ do hoje ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. É uma voz que pode ajudar a não colocar um ‘sofá na sala’ do DEM – se bem que não temos nada com isso, além de torcer para os concidadãos.
Se por educação (e é um cara extremamente educado) Evandro ainda não trocou a foto que ilustra a capa de seu perfil no Facebook, onde posa entre joinhas e arminhas, ao lado do ‘mito’ e de Carmen Flores, talvez seja porque o vereador é daquele que dá aos políticos, mesmo aos que, concorrendo em eleições, se apresentam como não políticos, a presunção de inocência.
Mas aí, Evandro comprovaria uma tese que tenho sobre ele. Ele não tem nada a ver com o bolsonarismo. A prova é que a ‘nova ordem’ dá aos políticos apenas a presunção de culpa.
Até ontem, por óbvio. A progressão das bondades é regressiva em relação à posse.
Bobos que se enganem.
Ou peçam desculpas.