RAFAEL MARTINELLI

Tudo sobre a reunião que confirmou Dr. Levi como candidato a deputado estadual por Gravataí; do ‘anti-Marco’ ao ‘cavalo manco’

A pré-candidatura de Dr. Levi Melo a deputado estadual foi confirmada em reunião com o presidente estadual do Podemos, Everton Braz, na noite de sexta-feira, na Millenarium, clínica do médico em Gravataí.

O anúncio esfria a possibilidade, aventada pelo próprio vice-prefeito, de concorrer a deputado federal, o que reportei em Dr. Levi abre chance de concorrer a deputado federal em 26 e deflagra sucessão de Zaffa em 28 em Gravataí; os 1.245 dias e o ‘Imponderável de Almeida’.

A estratégia definida pelo partido para 2026 guarda correlação com a eleição para prefeitura em 28.

A fusão entre o Podemos e PSDB também foi pauta, com um indicativo: o vice-prefeito deve manter o comando municipal do partido, mesmo que o prefeito Luiz Zaffalon permaneça na nova sigla.

Vamos por partes, conforme apuração exclusiva do Seguinte:.

Levi, a unanimidade

A aprovação da candidatura de Levi foi unânime no encontro partidário, que reuniu os vereadores Dilamar Soares, Carlos Fonseca e Paulinho da Farmácia, além da nominata de candidatos que concorreu ao legislativo em 2024.

O acordo para Levi ser candidato à Assembleia Legislativa já existe desde a filiação ao Podemos. É uma das prioridades do partido na região metropolitana. O presidente estadual se refere ao vice-prefeito como “nossa jóia”. É a aposta para aumentar a bancada de deputados, que deve ter como puxador de votos o ex-senador Sérgio Zambiasi. O radialista ainda tenta convencer o colega Gugu Streit a concorrer à câmara federal.

Mas, se o Podemos observa em Levi tanto potencial de votos, inclusive conforme pesquisas internas divulgadas pelo partido na reunião, por que não concorrer a deputado federal, já que não há candidatos locais ligados ao governo, enquanto à assembléia legislativa já são pré-candidatos os governistas Dimas Costa (PSD), Bombeiro Batista (Republicanos) e Clebes Mendes (PSDB)?

Primeiro, por pragmatismo. A direção estadual tem outras apostas para Câmara Federal, como Maurício Dziedricki, e tem consciência da dificuldade de eleger dois deputados. Hoje, o único federal é Maurício Marcon, que vai se filiar ao PL assim que a fusão Podemos-PSDB foi oficializada. Já para AL, Levi representaria uma bola de segurança, uma eleição mais provável.

O ‘anti-Marco

Aí entra 28. Levi busca convencer que sua candidatura ajuda o governo Zaffa a eleger um sucessor – algo que ele próprio almeja, como vice-prefeito reeleito.

O entendimento de seus aliados é de que só o médico disputa eleitorado com o ex-prefeito Marco Alba (MDB), principal político de oposição e que deve concorrer à assembleia legislativa, com a esposa e deputada estadual disputando vaga à câmara federal.

O entendimento no Podemos é que Dimas, Bombeiro ou Clebes não tiram tantos eleitores de Marco. E Levi concorrer a federal facilitaria uma eleição do ex-prefeito, que sairia fortalecido para uma candidatura a prefeitura em 2028.

Em resumo: Levi seria o ‘anti-Marco’ da eleição.

Além do obvio: Levi, caso não eleito federal, mesmo faça uma grande votação, teria ameaçado o projeto de ser prefeito em 28 em caso de eleição de Marco e Dimas, e/ou Bombeiro e Clebes, em 26. 

Um vereador a federal

A direção estadual do Podemos também quer um candidato gravataiense a deputado federal. Os três vereadores – Dila (1.793 votos), Fonseca (1.753 votos) e Paulinho (1.564 votos) – estão na lista.

O presidente Everton garantiu que o diretório municipal será ouvido na elaboração da lista de candidato.

Com 14 mil votos recebidos pela nominata de candidaturas à câmara de vereadores, o Podemos de Gravataí é o mais votado e tem a maior bancada na região metropolitana.

“Os três vereadores da sigla reforçaram a importância de manter a unidade do partido e fortalecer a candidatura de Dr. Levi a deputado estadual, além de destacar e compactuar com a intenção da direção estadual de lançar também um candidato a deputado federal na cidade”, diz material divulgado pelo partido após a reunião.

As falas oficiais

– O partido teve um bom desempenho na eleição de 2024, garantindo a reeleição da chapa Zaffa e Dr. Levi, além de eleger três vereadores, conquistando mais de 14 mil votos. Seguimos trabalhando, entregando resultados e contribuindo significativamente para o avanço da nossa cidade. Unidos, faremos ainda mais nos próximos meses – disse Levi, sem entrar no detalhamento das estratégias.  

– Levi tem realizado um excelente trabalho com o partido em Gravataí, e, em 2026, será nosso candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Esse também é nosso desejo e ele tem todo o nosso apoio. Nossas pesquisas internas demonstram o potencial de Levi, que lidera a intenção de voto. Vamos fazer uma linda campanha e fortalecer ainda mais o partido – confirmou Everton Braz.

Levi comanda no pós-fusão – e desfiliações

O presidente estadual, ao abordar o futuro do partido diante da possível fusão com o PSDB, disse que as conversas mantidas com a direção nacional do Podemos garantem que “não haverá mudanças no âmbito estadual e municipal”.

– Eu seguirei à frente do partido no Estado e o Dr. Levi continuará na liderança do Podemos em Gravataí. Nada muda – afirmou.

A declaração permite a leitura de que o Podemos não deve fazer uma mobilização política para manter Zaffa após a fusão. Se o prefeito e seu grupo permanecerem no partido, terão que negociar o comando municipal com Levi. 

O presidente também disse que o partido deve facilitar a desfiliação de quem tiver compromisso com outras candidaturas, não exigindo na justiça os mandatos por infidelidade partidária.  

Concluo.

Ao fim, a decisão pela candidatura agora parece restar exclusivamente nas mãos de Levi. Apoio da direção estadual – e recursos partidários – terá.

Anos atrás criei a expressão ‘Cara de Levi’, para descrever o comportamento fleumático do hoje vice-prefeito, cujas declarações – e feições – não são dadas a grandes arroubos. Então, reputo que, com sutis recados, a reunião do Podemos teve ‘Cara de Levi’; é preciso conhecer muito os bastidores da política para compreender que não está tudo bem, mas também não está tudo mal nas relações internas do governo quando o assunto é 26 e 28.

Só Dilque Jones, assessor especial da prefeitura por indicação de Levi e hoje seu estrategista político, foi mais expressivo: após enaltecer o vice-prefeito como o melhor candidato de Gravataí acrescentou que há outras candidaturas que são “cavalo manco”. Veste a sela quem quiser. 

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