RAFAEL MARTINELLI

Vereadores de Gravataí precisam ir até a China para cobrar a RGE; CPI já!

Na ERS-020, na Neópolis, um dos protestos pela falta de energia elétrica e água

Os vereadores de Gravataí têm que ir até a China para cobrar a incompetência da Rio Grande Energia (RGE). Cinco dias após o temporal ‘supercélula’, 1 a cada 10 consumidores ainda está sem luz.

Na entrega do cheque simbólico de R$ 100 mil da Câmara para a Prefeitura comprar 6,5 mil telhas, o presidente do legislativo, Alex Peixe (PRD) confirmou que há conversas entre os parlamentares para abertura de uma CPI.

Os vereadores, que pelos critérios de proporcionalidade representam 100% do eleitorado de Gravataí, tem que usar a força que tem o poder legislativo para questionar a empresa sobre o planejamento para uma crise climática que resta uma realidade.

Só nos últimos seis meses, foram três eventos com chuvas, ventos, granizo e inclusive a possibilidade de um tornado ter atingido regiões de Gravataí.

São os vereadores, representantes da comunidade, que podem convocar gestores da empresa para prestar esclarecimentos para além da resposta “tempo indeterminado” dos protocolos de call center.

Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) teve que pedir ajuda para RBS para conseguir falar com a Equatorial, empresa também privada que fornece energia para a Capital. Em Gravataí, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) ao menos disse ter contato com a gerência da RGE.

O que ouviram os prefeitos? Reputo uma espécie de terceirização da responsabilidade para ‘São Pedro’ e a força da natureza, mas também para eles próprios, pela suposta falta de zeladoria da cidade em relação a podas de árvores.

É uma meia verdade – e meias verdades sempre tem uma metade próxima da mentira. Como já se está próximo, ou foram ultrapassados os ‘pontos de não retorno’, e não se pode conter desastres naturais, e tampouco há orçamento nas cidades para atender a necessidade de zeladoria, a empresa precisa ter um planejamento mais competente para eventos climáticos já incorporados à rotina do mundo.

A RGE, comprada pela State Grid – estatal chinesa que é a segunda maior organização empresarial do mundo e a maior companhia de energia elétrica, atendendo 88% do território chinês e com operações na Itália, Austrália, Portugal, Filipinas e Hong Kong – anuncia investimentos de R$ 8,394 bilhões entre 2023 e 2027 no Rio Grande do Sul, onde hoje responde por 65% do abastecimento de energia elétrica.

O lucro da empresa nos últimos três anos tem ficado na casa do bilhão anual.

Os consumidores de Gravataí precisam saber o quanto – como e quando – deste investimento será aplicado em um plano de contingência para desastres naturais.

Essa é a ‘ideologia dos números’. Nem precisa os vereadores avançarem em um debate sobre o qual não tem ingerência, que foi a privatização de um setor estratégico como a energia, que chegou ao RS com atraso de pelo menos três décadas – metrópoles europeias têm voltado atrás de privatizações de luz e água feitas nos anos 1990.

Diz muito o que está na “missão” da vizinha Equatorial, conforme o site oficial da empresa privatada: “Garantir a excelência na gestão de ativos, com qualidade e rentabilidade, contribuindo para o contínuo crescimento do negócio e desenvolvimento social”.

Ao fim, apelo, com a certeza de falar pelos milhares que, nos últimos dias, na quarta economia gaúcha, além de prejuízos financeiros perderam a dignidade de um banho, porque falta luz, falta água: CPI já, vereadores! Que se vá até a China para cobrar respostas.

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Uma resposta

  1. Não é só a RGE que precisa CPI a corsan tmb pois ela está deixando a desejar com seus serviços a água é por via terrestre e se da temporal e derrubar árvores a água tmb para de vir as torneiras dos cotribuintes ela precisa de plano de contingência pois tem que ter responsabilidades ter seus próprios geradores para serem ligados tão logo falte energia elétrica.

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