crise do coronavírus

Zaffa, imite prefeito de NY e obrigue a vacina em Gravataí; A ditadura da vida

Casos de internação e mortes voltaram a ter idosos no principal grupo de risco

Se Luiz Zaffalon (MDB) fosse profilático como Bill de Blasio, prefeito de Nova York até dia 31, o risco de uma nova onda da covid-19 seria bem menor no 2022 de Gravataí.

Desde o dia 27 de dezembro todos os funcionários do setor público e privado na cidade mais populosa dos Estados Unidos são submetidos a uma vacinação obrigatória contra o coronavírus.

Gravataí fechou o ano com números que mostram que não importa o que diga quem olha para baixo, para cima, para esquerda ou para a direita, as vacinas são a salvação para o colapso na saúde público como o vivido em março de 2021.

É a ‘ideologia da ciência’, como já mostrei em Covid: Como Gravataí e Cachoeirinha se preparam para Ômicron; Estudo mostra rapidez no contágio, virulência e escape imunológico da nova variante.

Os contaminados em Gravataí e Cachoeirinha diminuíram para menos metade nos últimos dois meses, a uma média de menos de 10 diagnósticos por dia: 9,33 em dezembro, com uma média menor, 8,71, na última semana do ano.

As mortes também caíram na última semana para 0,2 a cada 24h. Nos primeiros 20 dias seguia nos 0,5, ou uma vida perdida a cada dois dias, na mesma média registrada entre novembro e setembro.

Para efeitos de comparação, em agosto a média foi de 0.8; julho 1.3; junho 2.3 e março, o pior mês da pandemia, 6 a cada 24 horas.

Desde o início da série histórica dos indicadores da pandemia, Gravataí registra 25.445 casos e 980 óbitos.

O boletim de internações desta segunda-feira mostra na ala covid do hospital Dom João Becker/Santa Casa, em Gravataí, 7 pacientes para 8 UTIs e 3 pacientes para 12 leitos. É ocupação exatamente igual ao dia 20.

– O cenário é estável, com redução de óbitos e manutenção na média de contaminados – comemora o secretário da Saúde Régis Fonseca, que mantém o apelo para que as pessoas vacinem com as três doses e mantenham cuidados de higiene pessoas e segurança com o uso de máscara.

– O mais importante é a vacinação. Os efeitos são sentidos com a redução nas internações – reforça o secretário que, na última quinzena de dezembro viabilizou salas de vacinação em horários alternativos e inclusive no shopping, para incentivar a imunização para as festas de fim de ano.

De uma população de 281.519, Gravataí tem 432.183 aplicadas. São 208.876 com a primeira dose, mas apenas 180.859 com a segunda dose e 35.660 com a dose reforço.

São mais de 20 mil pessoas que poderiam estar com o esquema vacinal completo e não estão. Caso seja vacinado esse público que não voltou para a segunda dose, o percentual chegaria a 74% em Gravataí, o número mágico conforme especialistas para se considerar a ‘imunização de rebanho’.

– Ainda assim, não é uma garantia. Se as variantes diferirem muito do vírus original para o qual as vacinas foram criadas, a vacina pode não proteger tão bem contra elas. Por isso é necessário vacinar uma porcentagem cada vez maior da população para atingir esse efeito de grupo. Pode haver bolsões de população não vacinada onde continuem acontecendo surtos. Não podemos baixar a guarda – alertou, ao El País, Christl Donnelly, epidemiologista da Universidade de Oxford.

– Não é a vacina, são as vacinas. É muito importante tomar as três doses. Muitas pessoas que hoje estão em leitos de UTI não fizeram a vacinação completa. É um ato de solidariedade: protegemos a nós mesmos e à comunidade com a qual nos relacionamos – apela a médica intensivista Graciela Wendt Barbosa, chefe da nova UTI do HDJB.

– Apelamos para que se tome a dose de reforço porque o grupo de risco das mortes voltou a ser aquele lá do início da pandemia: os idosos – acrescenta o secretário da Saúde Régis Fonseca.

– Temos um plano de contingência para uma eventual nova onda. A pandemia nos ensinou a sempre estamos preparados para tudo. Mas o grande plano é a vacinação. Quanto mais vacinados, menor o impacto das variantes – apela também Antônio Weston, superintendente da Santa Casa de Gravataí.

Voltando à conexão Gravataí-NY, lá o prefeito terminou o mandato exigindo que nova-iorquinos maiores de 12 anos apresentem comprovante de que receberam três doses da vacina para poder entrar em lugares públicos como restaurantes e teatros, um ‘passaporte vacinal’ mais restritivo que o ‘para gaúcho ver’ do governador Eduardo Leite (PSDB), apenas para grandes eventos e aglomerações, como reportei em Onde Bolsonaro não pode entrar em Gravataí; O ’passaporte vacinal’.

– Em Nova York decidimos lançar um ataque preventivo contra o coronavírus e fazer algo ousado para parar a propagação da covid e os riscos que representa para todos – disse De Blasio, em seu balanço de fim de ano.

Ao fim, decreto de Zaffa obrigando a vacinação não vai acontecer, sei. O prefeito, que não comprou a ideia do passaporte vacinal local, como tratei em Prefeito Zaffa, não ouça negacionistas: se Câmara barrar, apresente o ’passaporte vacinal’ em Gravataí; A vida não tem partido, tem gente influente em sua base de governo que confunde liberdade individual com cumplicidade com a tragédia de quase mil vidas perdidas pela covid.

Mas, apesar dos bons indicadores de Gravataí, e do cansaço de todos nós com a covid, inegável é que a vacina é a salvação e é preciso vacinar e manter os cuidados; e talvez nem isso baste nesta pandemia perpétua.

Hoje os EUA chegaram ao 1 milhão de infectados/dia – e, mesmo com movimentos ‘antivax’ mais fortes, com índices de vacinação apenas 5% abaixo dos gravataienses. Já o Brasil registrou 10 mil casos nas últimas 24h.

A média da primeira quinzena de dezembro era de 3 mil/dia.

Mesmo que viesse a ser questionada na Justiça, a vacinação obrigatória teria a boa argumentação de que, conforme o Supremo, prefeitos podem ser mais restritivos que governadores. Ou, no mínimo, seria um 'factóide do bem', que em meio à polêmica arrastaria mais gente aos postos de vacinação.

Vacina protege a vida e a economia.

Chamem 'ditadura da vida', se preferirem.

 

Assista o alerta feito ao Seguinte: por secretário da Saúde, superintendente da Santa Casa e chefe da UTI

 

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