coluna do dienstmann

O drama de Zico e a água de Branco

“Se o futebol estivesse baseado na razão, não existiria razão para existir futebol” (Vicente Verdun, escritor mexicano).

“Em futebol não se pode aborrecer o público” (Jorge Valdano, jogador e técnico argentino).

‘O futebol é um jogo totalmente humano, primitivo, guerra, teatro, religião, infinito: a tecnologia pode medir, mas não entrar no meio de um jogo – o futebol é um filho do tempo em que não havia tecnologia” (Valdano).

 

 

Zico fez um esforço brutal para se recuperar de uma lesão e estar na Copa do Mundo de 1986, no México, num drama que já tinha começado mais de um ano antes. Dia 29 de março de 1985, Flamengo x Bangu no Maracanã, o atacante foi atingido no joelho direito pelo lateral Márcio Nunes e precisou ser operado. Parcialmente recuperado, machucou-se já durante treino da seleção em março de 1986. Conseguiu jogar a 30 de abril num amistoso contra a Iugoslávia, o Brasil ganhou por 4×2, Zico fez três gols, mas viajou ao México ainda descontado, abaixo de incertezas e desconfianças.

 Ficou fora dos dois primeiros jogos em Guadalajara, contra Espanha e Argélia, em tratamento, e entrou no meio do segundo tempo contra Irlanda do Norte, Polônia e França – jogando o total de 91 minutos nas três partidas. Logo depois de entrar contra os franceses, com 1×1, o Brasil teve um pênalti a seu favor. Ele, Zico, se preparou para chutar – e o jornalista suíço Urs Linzenmayer gemeu em alemão na sua cadeira no Estádio Jalisco:

– Esse homem ainda está frio, não vai fazer o gol –, falou Urs, baixinho e de costas viradas para o campo.

Zico não fez – o goleiro Bats defendeu. Logo adiante acertou a sua cobrança na decisão em pênaltis após 0x0 na prorrogação, mas o Brasil perdeu por 4×3 e foi eliminado. Aos 33 anos, era a terceira e última Copa do Galinho de Quintino.  

Água argentina – Dia 20 junho de 1990, Estádio dos Alpes, Copa do Mundo na Itália, falta para o Brasil: Branco dá um bolaço, direto na cabeça do escocês Murdo McLeod, que cai duro e é retirado de campo. Jogador do Borussia Dortmund da Alemanha, depois da partida, enquanto espera um carro para voltar ao hotel da Escócia, ele continua tonto:

– Fui medicado e depois me levaram para ver o resto da partida da tribuna do estádio, olhei para baixo, vi que éramos nós lá dentro, e perguntei “mas onde é que estou eu?”.

Branco chegou a procurar o simpático escocês para pedir desculpas, e apenas quatro dias depois, a 24 de junho, no mesmo Estádio dos Alpes, contra a Argentina, passou de vilão a vítima. Após uma parada no jogo – em que o Brasil perdeu por 1×0 e foi eliminado –, Branco ficou tonto, conforme contou no dia seguinte.

– Tomei uma água que recebi de um argentino, tinha alguma coisa estranha naquela garrafinha.

A água tinha um sonífero, malandramente alcançado pelo massagista argentino, Miguel di Lorenzo, o Galindez. Ele tentou desmentir a história, mas ela é repetida seguidamente pelos jogadores, espcialmente Maradona.  

O epísódio de ingenuidade de Branco foi um triste resumo da confusa seleção brasileira em 1990, em que Dunga foi apontado como vilão: com dois alas e Mauro Galvão de terceiro zagueiro do técnico Sebastião Lazaroni, compromissos comerciais com empresários que infestaram a concentração, jogadores divididos em grupos brigando por dinheiro, o Brasil ganhou sem brilho as três primeiras partidas (Suécia, Escócia, Costa Rica) e foi eliminado na quarta, exatamente naquele 1×0 para a Argentina, com Alemão deixando o amigo Maradona, companheiro do Nápoli, livre para iniciar a jogada do gol de Caniggia.   

 

 

Agenda histórica do futebol gaúcho na semana

 

25.3, domingo

2008 – Poder judiciário assina convênio com Inter e Grêmio para instalação de juizados especiais nos estádios Beira-Rio e Olímpico em dias de jogos

 

26.3, segunda-feira

1970 – Inter 3×0 seleção do Peru classificada para Copa do Mundo

 

27.3, terça-feira

1972 – São José começa excursão pela Argentina com vitória de 1×0 sobre Tandil

 

28.3, quarta-feira

1962 – Início da segunda excursão do Grêmio à Europa, com vitória de 4×2 sobre o Be-Quick da Holanda, em Eindhoven (15 jogos durante um mês e 27 dias, até 23 de maio de 1962, com nove vitórias, dois empates e quatro derrotas

 

29.3, quinta-feira

1931 – Pelotas campeão gaúcho (de 1930), 3×3 Grêmio, que quis mudar árbitro após marcação de pênalti e abandonou o gramado aos 20 minutos do segundo tempo, na Baixada

 

30.3, sexta-feira

1947 – Grêmio campeão gaúcho (de 1946), 6×1 contra Rio Grandense de Rio Grande, Baixada

 

31.3, sábado

2008 – com unanimidade de 236 votos, conselho deliberativo do Inter aprova leilão para venda da área dos 2,2 hectares do Estádio dos Eucaliptos, com lance mínimo de R$16,9 milhões, para cobertura do Beira-Rio

 

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