SEGURANÇA

Com alvo na região, Operação Malus Doctor desarticula esquema milionário de fraudes processuais contra bancos em todo o país

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quinta-feira, a Operação Malus Doctor, que desarticulou um grupo criminoso acusado de fraudar mais de 145 mil processos judiciais contra instituições financeiras em todo o país.

A ação, coordenada pela 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, cumpriu 74 ordens judiciais, incluindo 35 mandados de busca e apreensão, nove suspensões do exercício da advocacia e bloqueios de até R$ 50 milhões em bens móveis, imóveis e ativos financeiros.

Os alvos foram localizados em Porto Alegre, Glorinha e Xangri-lá.

O esquema criminoso

As investigações, iniciadas há dois anos, revelaram um sistema sofisticado de fraude processual. Os investigados — entre eles advogados e intermediários — usavam procurações falsas para ajuizar ações revisionais de empréstimos consignados em nome de clientes sem seu consentimento. As vítimas, muitas em situação de vulnerabilidade, eram atraídas com a promessa de revisão de cobranças abusivas, mas acabavam envolvidas em um esquema que desviou cerca de R$ 50 milhões.

O principal suspeito, identificado como o quinto maior litigante do Rio Grande do Sul, é responsável por 47% das ações movidas contra bancos no estado. Segundo a polícia, o grupo operava com “fatiamento de demandas”: distribuía processos idênticos em comarcas diferentes ou por meio de procuradores distintos para evitar a detecção. Em alguns casos, ações foram protocoladas em nome de pessoas falecidas, com procurações assinadas meses após o óbito das vítimas.


Vítimas enganadas e empréstimos fantasmas

As vítimas recebiam depósitos em suas contas, acreditando serem valores recuperados judicialmente, e repassavam 30% dos valores aos investigados como honorários. Na realidade, os recursos vinham de novos empréstimos consignados contratados ilegalmente em seus nomes. “Descobri que havia 30 ações em meu nome contra bancos. Nunca autorizei nada”, relatou uma das vítimas à polícia.

Muitas só perceberam o golpe ao notar descontos indevidos em benefícios previdenciários. Ao tentar contato com a empresa responsável, deparavam-se com endereços falsos e telefones desativados.

Crimes e prisões

Catorze pessoas são investigadas por crimes como estelionato, falsidade ideológica, fraude processual e associação criminosa. Durante as buscas, foram apreendidos três carros de luxo (Maserati, BMW e Mercedes) e realizada uma prisão em flagrante. A polícia também identificou contas bancárias e imóveis suspeitos de integrarem a lavagem de recursos desviados.

Em coletiva de imprensa, o delegado responsável destacou que a operação “revela a ousadia de grupos que se infiltram no sistema judicial para lucrar com a ilegalidade”. A Polícia Civil reforçou seu compromisso de “proteger o cidadão gaúcho e combater crimes financeiros de alta complexidade”.

Os investigados responderão criminalmente, enquanto as vítimas poderão requerer a nulidade das ações fraudulentas. O caso já foi encaminhado ao Ministério Público para denúncia formal.

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