Já que Marco Alba não fala sobre o novo secretariado, criamos uma entrevista ouvindo pessoas próximas ao prefeito reeleito
Envolto em um mistério que revela muito do ‘jeito Marco Alba de ser’, o prefeito reeleito anuncia o secretariado na quinta-feira, um dia antes da posse para o segundo mandato.
Na semana passada, o Seguinte: fez uma ‘investigação’ junto a alguns dos principais líderes, eleitos ou não, dos 15 partidos da coligação que manteve o comando da Prefeitura de Gravataí na eleição suplementar de 12 de março.
Não foi possível ir além de quatro certezas: o ‘gerentão’ Luiz Zaffalon, o ‘homem do cofre’ Davi Severgnini, o ‘advogado do governo’, Jean Torman, e o ‘embaixador’ junto às igrejas evangélicas Tanrac Saldanha.
Mas deu para perceber a pressão – e expectativa – dos partidos para os políticos ocupem mais espaços no primeiro escalão do novo governo.
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De lá para cá, já que Marco Alba não fala sobre o secretariado, fizemos uma ‘investigação’ diferente. Apuramos o que foi possível junto ao também silencioso círculo de pessoas mais próximas ao prefeito reeleito.
E, em tempos de pós-verdade e fake news, brincaremos dizendo verdades ao apresentar ao leitor uma ‘entrevista que não aconteceu’. Mas que, reconstruindo o que nos contaram que Marco deixa escapar aqui e ali, chegaria bem próxima ao que o prefeito reeleito está pensando.
Confira trechos da entrevista que Marco Alba não deu.
Seguinte: – Há muita pressão dos vereadores e partidos para que os políticos sejam mais fortes no novo governo. O secretariado vai sinalizar para um segundo mandato mais político?
Marco Alba – Políticos só são fortes quando o governo é forte. Fui eleito e reeleito para fazer diferente, para governar para a população, não para políticos, partidos ou ideologias. As urnas nos escolheram. Não há porque retroceder para um modelo velho, que não deu certo nem com a esquerda, nem com a direita no poder, de governar pensando na próxima eleição. E não há nenhuma crise. Nossa base de sustentação apoiou as reformas, teve coragem para enfrentar desgastes na Câmara e agora colhemos os frutos com a retomada da capacidade de investimento da Prefeitura de forma sustentável. O pior já passou e ninguém quer voltar aos erros do passado.
Seguinte: – Mas teremos mais políticos no secretariado? No primeiro governo o perfil foi notoriamente mais técnico, tanto que apenas um secretário concorreu a vereador.
Marco Alba – Poderemos ter mais política no sentido de informar a população, de ouvir mais de perto as comunidades. E podemos ter alguns políticos, mas cercados por técnicos. Seja quem estiver no governo terá que responder a metas e indicadores, que foi o que nos levou a recuperar as finanças e a capacidade da Prefeitura investir, além de atrair novos investimentos.
Seguinte: – Serás o grande político do governo, mais presente na rua? Foste criticado pela suposta ausência no primeiro mandato.
Marco Alba – Estarei mais na rua, mais próximo às pessoas para ouvir e levar informação, mas nunca me apresentando como um iluminado, ou como o salvador da pátria em um governo de iluminados capazes de resolver tudo pelo simples fato de ganhar uma eleição.
Seguinte: – Será um governo que vai gastar mais que o primeiro mandato?
Marco Alba – Na saúde e educação nunca reduzimos investimentos. Em outras áreas, num primeiro momento, sim, como a limpeza urbana e o asfaltamento, por exemplo. Já começamos a recuperar essa parte estrutural. Com quase R$ 1 bilhão a menos entre dívidas e perda de receita, priorizamos cuidar das pessoas no primeiro mandato. Agora queremos cuidar mais da cidade. Vamos gastar mais porque teremos mais receita e financiamentos de mais de R$ 100 milhões para infraestrutura, que só conseguimos por ter as certidões negativas de débitos. Mas ainda temos que pagar mais de R$ 200 milhões em dívidas que não são nossas, quitar até 2020 mais de R$ 60 milhões em precatórios que também não são nossos e cuidar de perto do instituto de previdência. Vamos manter a austeridade, a responsabilidade e a transparência que nos faz avançar, sem empurrar dívidas com a barriga ou gastar mais do que se arrecada para ganhar a próxima eleição.