Lula é um gênio da política, goste-se dele ou não.
Um ‘lapso’ que o ex-presidente tem cometido em entrevistas no cárcere serve como aula sobre como políticos podem desdenhar de adversários ou ligá-los a uma imagem negativa.
Em todas – repito, TODAS – as entrevistas, e as assisti na íntegra, o petista fala incorretamente o nome de Deltan Dalgnoll. Diz ‘Dellagnol’, com ‘E’. Não apenas uma vez, mas em todas as referências ao Robin, youtubber e coaching financeiro da Lava Jato!
Por óbvio, Lula sabe que fere um vaidoso, que ajudou a pagar outudoor dos ‘golden boys’ da ‘República de Curitiba’ e, em revelação inacreditável no capítulo 19 da série ‘Vaja Jato’, na reportagem 'Seria facilmente eleito', o The Intercept mostra que o chefe de direito da força-tarefa alimentava em um chat ‘espelho-espelho-meu’, onde era o único participante, conversas consigo mesmo onde perguntava, respondia, dava conselhos e se convencia de que estava certo!
Também em um inegável método, em mais de uma vez a cada entrevista Lula fala ‘O Collor’, ao invés de ‘O Bolsonaro’.
Animal político, sabe que ao ‘confundir’ o presidente com Collor, ajuda a ‘descollorir’ a popularidade do ‘mito’, afinal o presidente impichado, antes da ruína política e moral, também foi eleito por um partido minúsculo como salvador da pátria, caçador da mamata dos ‘marajás’ e herói anticomunista, como serve de exemplo o vídeo que você assiste clicando aqui.
Mais que indício, evidência de que o presidiário mais famoso do mundo sabe o que está fazendo, é que no segundo seguinte ele próprio se corrige sobre a troca de nomes entre os presidentes.
A inteligência política de Lula – que mesmo depois de experimentar ser ‘o cara’ do Obama e um ano e pouco de cadeia não esqueceu nem o nome do Topo Gigio que virava martelinhos no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo – não me permite acreditar que ele erre sempre ao se referir a ‘Dellagnol’ e ‘Collor’.
Ao fim, esse gênio da política cabe mais em Marx, o Groucho: “nunca me esqueço de um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção”.
Siga a última entrevista de Lula, para Carta Capital, que julgo a mais descontraída, apesar de fortíssima, talvez pelo entrevistador ser o amigo Mino Carta, onde você comprova o que escrevo