Leitores pedem-me para comentar as manifestações anti-Bolsonaro. Um desserviço, é o que acho. Assim como aquelas a favor do deprimente da república. Nem na ‘esquerda’ há consenso. Se nem Lula, nem Ciro foram às ruas, em Gravataí, dois políticos ‘de esquerda’ rasgaram os lacres com posições antagônicas no Grande Tribunal das Redes Sociais.
Reproduzo os tuites, cujo original você acessa clicando aqui.
Sigo.
Para quem não sabe, Thiago de Leon (PDT) é vereador em primeiro mandato. Dimas Costa (PSD) é ex-vereador por dois mandatos e foi o segundo colocado na disputa pela Prefeitura em 2020, com 35 mil votos.
De Leon estava acompanhado de Anabel Lorenzi, presidente do partido e terceira colocada na eleição do ano passado, no protesto onde também estavam outros esquerdistas como Valter Amaral (PT), Rafael Link (PSOL), Tamires Paveglio (PSOL) e Sadao Makino (PSTU), que já concorreram à Prefeitura, como reportou e fotografou Luis Felipe Teixeira em seu Poder24H em Principais lideranças da esquerda comparecem a ato contra Bolsonaro em Gravataí.
A crítica na rede social sublima a ligeireza política de Dimas. O alvo não é De Leon, que vai votar contra a Reforma da Previdência. O tiro é em Anabel, por um vereador do PDT, Bino Lunardi, estar acertado com o governo para votar a favor, e outro, Dilamar Soares, pelo menos na análise que faço de discursos, tender a aprovar também.
Pragmaticamente é uma luta pelos ‘corações e mentes’ – e, claro, o voto – do funcionalismo, hoje 5 mil pessoas entre ativos e inativos que vão pagar metade da conta, como detalho em Uma Reforma da Previdência para salvar não só aposentadorias, mas investimentos por 20 anos em Gravataí; A Falha de San Andreas.
Mesmo que a reforma municipal só possa ser feita, e seja um Control C + Control V da reforma nacional aprovada por seu atual chefe, o deputado federal Danrlei de Deus, Dimas, como segunda força política depois do MDB de Luiz Zaffalon e Marco Alba, se manifestou contra a reforma, como tratei em Os ’contras’ à ’reforma das reformas’ de Gravataí; De heróis a vilões, ainda sem alternativa ao projeto de Zaffa.
Agora, no comentário que fez no post de De Leon, também disse que não vota em Bolsonaro, saindo não de cima, mas ‘de trás do muro’, como ironizei nas duas últimas campanhas eleitorais. Já Anabel, que já chamei ‘A Esquerdista do Ano’, ainda não foi para o front anti-Reforma, o que causa estranhamento em sua categoria, de De Leon, e Dilamar, a dos professores, cujo sindicato está em campanha contra a reforma, como reportei em Reforma da Previdência de Gravataí: Professores surpresos com fim de negociações; ’Somos contra esse pacotaço’.
Ao fim, concordo com a crítica de Dimas, apesar de, em um dos Grande Lances dos Piores Momentos, o político ter tomado uma invertida de internauta:
– Mas ir lá no Deck Lounge aglomerar para tomar sua cerveja não era nenhum risco né? – comentou Andressa Sena em post do político, que respondeu:
– Claro que lá é também, mas quando fui no Deck as regras sanitárias permitiam que estivesse aberto para determinado número de pessoas.
Fato é que, conforme a ‘ideologia dos números’, não é momento para aglomeração. A terceira onda da pandemia já chegou, como antecipei em Gravataí sob ’Aviso’ nos 3As da pandemia; Triplicam casos e crescem mortes nos últimos 5 dias. Inevitável é que, em poucos dias, a cepa indiana circule também pela região. E o General Inverno vem aí, como diz o neurocientista Miguel Nicolelis.
Para quem acha que é terrorismo, neste sábado a Fiocruz alertou que a Grande Porto Alegre teve a principal piora do país nos indicadores da COVID-19.
Salvo engano, e pesquisas mostrarão, é possível ver as manifestações como uma derrota para Bolsonaro, já que multidões foram às ruas – assistam aos vídeos, porque fotos podem ter manipulações, de lado a lado, conforme o ângulo.
Reputo, porém, tira a máscara do discurso do ‘fica em casa’. Quando a 'terceira onda' é aglomerar, mesmo que nem 2 a cada 10 brasileiros tenha sido vacinado, dá para citar uma millôriana:
– A nossa liberdade começa onde podemos impedir a do outro.
Sigo eu, como um Dr. Stockmann, em Um Inimigo do Povo, de Ibsen, apelando sem hipocrisia para que ninguém aglomere, simpatize com qual lado for da ferradura ideológica.
Assista a entrega da Reforma por Zaffa na Câmara
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