O vice-prefeito Levi Melo recebeu a primeira dose da vacina contra a COVID-19 um dia após Gravataí ultrapassar a marca de 100 mil doses aplicadas, na quarta-feira. Reputo Dr. Levi deveria ter sido vacinado antes.
– Os profissionais de saúde não têm medido esforços para garantir a imunização o mais rápido possível. É através da vacina que nós vamos garantir vida e bem-estar para a nossa população. Por isso, meu muito obrigado – disse o médico, após ser vacinado na Unidade de Saúde da Família (USF) Parque dos Anjos depois de esperar sua vez na fila.
Nota publicada no site da Prefeitura justificou que “mesmo podendo já ter sido imunizado em janeiro, período em que os profissionais da saúde foram vacinados em todo o país, o vice-prefeito optou por receber a vacina somente após Gravataí chegar nesta importante marca de 100 mil doses aplicadas”.
Inegável é que o político sentiu a repercussão negativa após funcionários de sua clínica, a Millenarium, terem sido incluídos nos primeiros grupos de vacinados, em fevereiro. O que apenas cumpria o Plano Nacional de Vacinação (PNI), como tratei em Por que clínica do vice-prefeito foi vacinada em Gravataí; Sem ’fura fila’.
Ataques semelhantes sofreu Saulo, filho do prefeito de Cachoeirinha Miki Breier, vacinado aos 29 e sem comorbidades por ser profissional da educação física, como reportei em Por que filho do prefeito Miki foi vacinado aos 29 anos em Cachoeirinha; Sem ’fura-fila’.
O prefeito Luiz Zaffalon também experimentou dias de vilão nas redes sociais após dar no RBS Notícias que Gravataí estava entre as cidades que teriam denúncias de ‘fura-fila’ investigadas pelo Ministério Público.
Era janeiro e tinham sido aplicadas 1.537 das 2.949 doses do primeiro lote de Coronavac a chegar em Gravataí. Passados quatro meses e 20 mil doses aplicadas, não há denúncia formal do MP relativa a irregularidades na vacinação local.
Reproduzo o que escrevi à época em Gravataí sob suspeita de ’fura-fila’ na vacinação contra COVID 19; O homicídio moral e, abaixo, sigo.
“…
Minha curiosidade é sobre as denúncias, que podem ser verdadeiras, mas também obra de desinformados, que não conhecem as prioridades do Plano Nacional de Vacinação, ou de informados do mal, que sabem que ouvidorias aceitam tudo.
Aguardemos que o Ministério Público detalhe as investigações. E a própria Prefeitura aumente ainda mais o controle sobre a distribuição de doses.
Infelizmente, esse tipo de notícia, comprovada ou não, coloca toda vacinação sob suspeita. Fiscalizar é necessário, mas entendo que o MP se precipita ao divulgar um ranking de cidades sem dar detalhes sobre as irregularidades.
Por óbvio que muitos que assistem ou leem denúncias como essas imaginam políticos passando na frente de velhinhos, ou mandando vacinar familiares e amigos.
Não que promotores e promotoras se preocupem muito com isso, já que lava-jatos e outras genéricas operações espetaculosas ajudaram a criar uma geração de eleitores que não permite aos políticos mais que a presunção de culpa.
Depois não adianta chorar o leite condensado derramado.
Ao fim, se houve uma irregularidade que seja, quero publicar os nomes em manchete. Reputo ‘fura-fila’ de vacina, roubo de oxigênio e outras dessas corrupções como um homicídio moral.
…”
Concluo hoje.
Dr. Levi não era ‘procurado’ por ‘homicídio moral’. Já deveria ter recebido a vacina assim que médicos começaram a ser imunizados. Se não por ele, pelos outros. É médico, lida diariamente com pacientes. E como vice-prefeito participa de uma série de atividades de rua. Inclusive visita pessoas para entregar cestas básivas como coordenador do Comitê de Solidariedade.
Ao esperar a marca dos 100 mil Dr. Levi parece render-se refém do cancelamento odioso do Grande Tribunal das Redes Sociais. E, por mais nobre possa ser considerada sua opção, ajuda a parecer certo Jair Bolsonaro andar por aí dizendo que só será vacinado após o último brasileiro.
Menos mal o político de Gravataí usa máscara N95 ajustada.
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