crise do coronavírus

Março de Gravataí teve 4 a cada 10 mortes de 1 ano de pandemia; Última vítima tinha 14 anos

Brasil encerrou março com 321.886 vidas perdidas em um ano de pandemia | FOTOS PÚBLICAS

O pior mês da pandemia em Gravataí encerrou com o assustador número de 4 a cada 10 vidas perdidas em um ano de pandemia. Março registrou 196 mortes das 529 contabilizadas até a quarta-feira, 31. O número de infectados identificados chega a 18.333, ou 6,5% dos 281 mil habitantes. A dimensão da tragédia tratei em Caíram aviões em Gravataí: 500 vidas perdidas até fim da semana; São 2 Airbus, duas boates Kiss e Os números de Zaffa estão certos: Gravataí tem menor média de mortes na Grande Porto Alegre; A oposição e o marxismo atualizado

O número de internações caiu, mas, mesmo triplicando a capacidade de leitos hospitalares, a rede municipal pública e privada segue em um platô de estabilidade nas alturas do Morro Itacolomi, como já tratei em artigos como Internações caem em Gravataí: ’Mesmo no colapso, ninguém ficou sem atendimento’; Secretário fala sobre leitos, bandeira preta, variante e vacinas e Sem risco de morte: Santa Casa não permite nebulização por cloroquina em Gravataí; Chefe do Becker confirma redução de internaçõesTragédia da Grande Porto Alegre ’deu no New York Times’, Alices; Não chame o síndico! Em vídeo a tragédia da COVID nas UTIs da Grande Porto Alegre; Agonia para ricos – e pobres.

Se nos primeiros 15 dias do mês, quando foram registrados 113 óbitos, a superlotação atingiu 500%, com até 35 pacientes esperando por leitos e UTIs, nos últimos 15 dias caiu para 10, mas a lotação segue em 100% no Hospital de Campanha, Dom João Becker/Santa Casa, PAM 24 Horas, UPAs da 74 e 020, além dos postos de saúde.

Com a superlotação e pacientes atendidos em cadeiras, macas ou no chão, aumentam as chances de morte, no início do mês em uma proporção de 7 a cada 10 que precisam de UTI, como revelou o superintendente da Santa Casa de Gravataí, Antônio Weston, em 7 a cada 10 morrem na UTI: ’É preciso reduzir ao máximo a circulação das pessoas nos próximos dias’, diz superintendente do Hospital Dom João Becker.

– No começo, o Rio Grande do Sul estava muito melhor, mas degringolou rápido de outubro em diante. O erro é técnico, mas motivado por razões políticas: não praticar o isolamento e insistir para reabrir mesmo com cenário epidemiológico desfavorável. Os números estão assim pela nova variante, porque teve muita aglomeração no verão, o que infelizmente continua, pela pressão por flexibilização das medidas, porque o uso de máscara ainda não é universal e porque ainda tem gente que acredita que tomar ivermectina e cloroquina protege – avaliou o epidemiologista Pedro Hallal, professor na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e integrante do Comitê Científico do Piratini, à reportagem RS ultrapassa 20 mil mortes por coronavírus subindo da 14ª para oitava pior mortalidade do Brasil em duas semanas, de GZH.

Sobre a polêmica do ‘kit covid’, já tratei em artigos como ’Kit covid’: O risco da incompreensão do ’tratamento precoce’ em Gravataí e Vereador de Gravataí luta pela vida: colega ’medicou-o’; Parem com curandeirismo, por favor!.

– Relaxamos as medidas de distanciamento. A cepa P1 também tem, definitivamente, um papel. Mas há um impacto das disputas entre prefeitos e governador para ter cogestão. Quando a população vê sinais trocados, é um convite à não adesão de medidas de distanciamento. Sem contar que a vacina passa uma falsa sensação de proteção, porque só estaremos protegidos quando o Estado tiver 80% de pessoas vacinadas – avaliou o médico epidemiologista Ricardo Kuchenbecker, gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), na mesma reportagem.

– Ao mesmo tempo em que o Rio Grande do Sul serviu de modelo quanto ao protocolo de bandeiras, temos um gestor municipal e um estadual que não se entendem. Essa dificuldade contribui sobremaneira para o aumento no número de casos porque não adianta ter uma orientação diferente da que o Estado orienta – acrescenta o médico infectologista André Luiz Machado da Silva, que atua na linha de frente do tratamento de pacientes infectados no Hospital Conceição.

Conforme a reportagem, as maiores vítimas são idosos de 70 a 79 anos, mas, em meio à retomada das atividades e o crescimento das infecções pela cepa P1, hospitais registram um aumento na internação de pacientes jovens e saudáveis, grávidas e, inclusive, crianças.

– Deixamos a situação descontrolar, demorou para tomarmos medidas. A P1 chegou aqui um pouco antes do que em outros Estados. Estamos mais adiantados na curva (da pandemia). Os outros Estados, ao verem o exemplo do Rio Grande do Sul, tomaram medidas mais precocemente. Além disso, infelizmente aqui surgiu um movimento contra medidas simples, como máscara e distanciamento – analisou a médica Lucia Pellanda, professora de Epidemiologia na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e membro do Comitê Científico do Palácio Piratini, à GZH.

No podcast do El País Miguel Nicolelis: “Estamos a poucas semanas de um ponto de não retorno na crise da covid-19”, o neurocientista e professor catedrático da universidade Duke (EUA), cujas previsões tratei terça em Pessoas vão morrer da COVID em calçadas de Gravataí?; No container, 9 corpos, projeta marcas de mais de 4.000 e até 5.000 mortes diárias em breve e um total de 500.000 vítimas em julho. Ontem, Brasil bateu um novo recorde, com 3.869 mortes, chegando a 321.886 vidas perdidas e 12.753.258 infectados.

O cientista está especialmente preocupado com a possibilidade um colapso funerário no país, caso o chamado a um lockdown nacional, com bloqueios de circulação não essencial em aeroportos e estradas, não seja atendido.

– Se o colapso funerário se instalar neste país, começaremos a ver corpos sendo abandonados pelas ruas, em espaços abertos. Teremos que usar o recurso terrível de usar valas comuns para enterrar centenas de pessoas simultaneamente, sem urnas funerárias, só em saco plásticos, o que vai acelerar o processo de contaminação do solo, do lençol freático, dos alimentos, e com isso gerar uma série de outras epidemias bacterianas gravíssimas.

Ao fim, estamos em guerra. É a realidade, apesar de no Grande Tribunal das Redes Sociais tantos acusarem-se de fazer terrorismo e até me ameaçarem de agressão física.

As vidas perdidas tem rosto e são cada vez mais conhecidos. No último dia de março, um adolescente de 14 anos perdeu a vida em Gravataí. Há tragédia maior?

 

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