Os resíduos do pós-enchente preocupam Gravataí e Cachoeirinha com a previsão do ‘rio atmosférico’ correr pelos céus da região neste fim de semana. A orientação é suspender até a próxima semana a colocação de entulhos em frente às casas. Ouvidas pelo Seguinte:, as prefeituras confirmaram que operam com força-tarefa. Quinze toneladas já foram recolhidas.
Conforme a MetSul, o ‘rio voador’ transporá grande quantidade de umidade da região amazônica e também do Atlântico Tropical pelo interior do continente, trazendo ao RS chuvas em torno de 100 milímetros, o equivalente a precipitação de um mês.
Conforme o secretário de Serviços Urbanos de Gravataí, Laone Pinedo, já está completo o recolhimento nos bairros mais atingidos pelas inundações, como Vale Ville, Vila Rica, Novo Mundo, Caça e Pesca e Viviane Cristina.
Nesta quinta e sexta-feira, equipes trabalham no Itatiaia e Jardim do Cedro.
– Como a água baixou antes em Gravataí, há três semanas fazemos o recolhimento. A projeção é concluir 100% até a semana que vem – explica Laone Pinedo, secretário de Serviços Urbanos.
Desde a catástrofe de maio, cerca de 10 mil toneladas de resíduos já foram recolhidas. A estimativa é chegar a 15 mil. O investimento é orçado em mais de R$ 2 milhões. Dos 140 reais pagos por tonelada pela Prefeitura, o governo federal paga 61.
Nesta operação, Gravataí não precisou criar pontos de transbordo, como fez na Cohab C, Caveira, Neópolis e Morada do Vale para acelerar a limpeza dos resíduos do ciclone de junho e da tempestade supercélula de janeiro, cujo recolhimento dos entulhos e cerca de 30 mil árvores custaram R$ 3 milhões.
Conforme o secretário, equipes também estão fazendo a zeladoria da cidade, como corte de grama e mato em vias públicas e praças.
– Há um aspecto psicológico nisso, que é tentar devolver um pouco de normalidade ao tirar os entulhos da frente das casas e manter a cidade bem cuidada para que as pessoas tenham esperança de recomeçar. Imagina ver seus móveis estragados na rua e ainda andar por uma cidade cheia de mato e sujeira? – diz.
A Prefeitura também desassoreou o canal de alívio do bairro Vale Ville e fez manutenção nas redes de esgoto da Vila Rica, ambos bairros ligados ao Arroio Barnabé, que transbordou na inundação.

Em Cachoeirinha, que teve 25 mil pessoas atingidas pela enchente e onde a água baixou duas semanas depois de Gravataí, oito equipes recolhem entulhos e resíduos das inundações, com prioridade aos bairros mais atingidos e o entorno das casas de bombas: Interior, Jardim América, Parque da Matriz e Meu Rincão.
– Pedimos que a comunidade não coloque entulhos na rua até passar o evento climático previsto para este fim de semana – apela Paulo Martins, secretário de Infraestrutura e Limpeza Urbana, que informa que, desde o dia 21, já foram recolhidas 5 mil toneladas e a projeção é de chegar a 10 mil ton.
O secretário também projeta em 15 dias retirar o lixo urbano depositado emergencialmente no Distrito Industrial. O destino é aterro em Santo Antônio da Patrulha.

Além da limpeza de valos e do Arroio Passinhos, a Prefeitura trabalha em consertos nas casas de bombas.
– Todas tiveram danos. Foram dois metros e meio de água – aponta o secretário.
Na casa de bombas da João Pessoa, três bombas funcionam e três estão em conserto. Na da Nilo Peçanha, duas funcionam e uma está em conserto, há 20 dias.
– A demanda é tão grande no Rio Grande do Sul que estão faltando peças – explica o secretário, que informa que geradores externos estão prontos para operação e foram elevados ao nível do dique.
Conforme Paulo Martins, são projetadas reformas nas casas de bombas, para adequar o nível e evitar que postos de comando e energia elétrica fiquem submersos.
– A da Nilo precisa ser totalmente readequada para o novo momento climático. Em Cachoeirinha a enchente chegou a quatro metros – conclui.