Siga o quarto artigo do Silvio Teixeira
Nas matérias anteriores vimos que o metaverso é um passo evolutivo que já faz parte deste novo cenário mundial. A partir de agora vamos entender como podemos fazer para participar deste universo. Quais os equipamentos e opções para as diferentes formas de usufruir deste mundo virtual, e para isto vamos primeiro entender um pouquinho sobre um dos equipamentos que, por hora, são os mais importantes para uma imersão completa: Os óculos de Realidade Virtual.
No final dos anos 80, a guerra fria entre os americanos e a então União Soviética seguia mais forte do que nunca, o que levava grandes investimentos nas forças armadas, em especial na tecnologia que passava a cavalgar em passos largos. Um dos diversos projetos de aperfeiçoamento recebeu o codinome “Super Cockpit” e constituía de um enorme capacete, que recebeu a sigla de HMD (head-mounted display), e que era capaz de projetar informações como mapas em 3d, radar e dados de aviação em um espaço virtual 3d que o piloto poderia ver e ouvir em tempo real, utilizando como controle a voz, gestos e até mesmo movimentos oculares.
Outras tentativas mais simplistas já haviam sido trabalhadas antes, mas foi a partir do Super Cockpit que funções essenciais passaram a ser vistas como uma possibilidade de trabalho dentro da realidade virtual.
Um segundo grande momento ocorreu no início dos anos 90, quando os videogames trouxeram um público ávido por novidades e preparado para gastar com elas. Assim quando a Nintendo anunciou um console que teria jogos em terceira dimensão com o pequeno mas “poderoso” Virtual Boy, e as aspas na palavra poderoso são do tom sarcástico pois este é considerado até hoje um dos maiores fracassos não apenas da Nintendo ou de games, mas da indústria mundial, tal expectativa que trouxe sem jamais ter alcançado qualquer resultado razoavelmente aceitável. O Virtual Boy era caro, possuía uma tela com apenas duas cores, precisava ficar apoiado em uma mesa, causava dores de cabeça para quem o usasse por mais de 15 minutos chegando a ser proibido o uso para crianças menores de 7 anos. Foi descontinuado um ano depois de seu lançamento, sendo atualmente um exemplo do que “não” se deve fazer para lançar um produto no mercado.
O Virtual Boy se tornou um console muito procurado por colecionadores, e podemos encontrar alguns vídeos no youtube de análises atuais do console, demonstrando que realmente ele foi um fracasso retumbante.
A despeito de outras tentativas nas mais diversas áreas, foi em 2012 (apenas 10 anos atrás) que foi desenvolvido o oculus Rift. Importante salientar que você verá frequentemente a palavra “óculos” sendo escrita como oculus, e isto devido ao fato de que “oculus” é na verdade o nome da empresa que lançou o Rift, e que atualmente passou a ser de propriedade do Facebook, que também mudou de nome, sendo chamado agora de “Meta”. O primeiro modelo Rift tinha uma tela de 7 polegadas com resolução de 1280×800 pixels e campo de visão de 110 graus na diagonal, o que fazia dele muito superior a todas as tentativas anteriores. Para os consumidores, ele só passou a estar disponível em 2016, mas o preço de 600 dólares e a exigência de se conectar a um computador de alto desempenho fez muita gente reclamar, além disso muitos dos usuários reclamavam de sofrer de motion sickness, aquela sensação de enjoo por você estar se movimentando no game, mas parado na vida real. Apesar de muitos desafios, esta versão abriu as portas para uma imersão em realidade virtual, ficando famoso por seus “sustos” em simuladores de montanha russa.
O Rift versão de desenvolvedor permitiu que as empresas começassem a criar jogos dentro de uma simulação de realidade
2020 – A realidade virtual se torna real
Até 2019 as iniciativas estavam mais focadas nos desenvolvedores e entusiastas, dispostos a gastar grandes somas para entender, desenvolver e avaliar as potencialidades destes equipamentos. É bem verdade que em 2016 o Playstation VR apresentou um modelo que agradou os gamers, e a partir dali começou uma enxurrada de lançamentos, mesmo que nem todos tenham chegado ao grande público, mas cada qual buscando acertar a mão neste território desconhecido.
No ano de 2020 tivemos o lançamento do “Oculus Quest 2” que podemos considerar o momento da popularização desta tecnologia. Isto porque aliou um preço viável para uma experiência stand alone, ou seja, você não precisa conectar seu equipamento a um computador, sequer precisa ter um, basta ligar e começar a usar, porém se desejar pode usar um computador conectado via wifi e assim ganhar o potencial de desempenho extra de seu computador. Adicione a isto a confiança de ter o nome de uma empresa como o facebook-meta para chancelar o equipamento. No Brasil ele vem aparecendo como um dos principais equipamentos de tecnologia do mercado, e parte disto se deve a queda do preço no âmbito nacional, onde é possível adquirir um modelo novo por cerca de R$2400,00 pela Amazon BR. Provavelmente com o reaquecimento do comércio, que esteve em baixa por conta da pandemia, é provável que o Quest 2 esteja entre as principais compras de natal, já que tem apelo para as mais diversas idades, tanto no ramo do entretenimento quanto no âmbito do trabalho. O Quest 2 está próximo de bater a marca de 15 milhões de unidades vendidas desde seu lançamento, se tornando o maior sucesso comercial, ajudando a massificar o sistema de realidade virtual e se tornando o preferido para a entrada no metaverso.
Vamos dobrar a meta!
Os números demonstram um crescimento sem precedentes na venda destes equipamentos. Em 2021 houve um crescimento de 97%, e apenas no primeiro quarto de 2022 o aumento foi de 242%. E não se trata de apenas o Quest 2, pois no ano passado tivemos 28 lançamentos de óculos diferentes e mais 12 modelos neste ano. É verdade que muitos deles não são destinados para o público em geral, mas ditam tendências do que estará disponível em breve. O óculos Canon MREAL S1 por exemplo, está custando cerca de 38000 dólares, no entanto algumas versões e modelos mais simples do que o Quest 2, tiveram preços maiores do que este. Um dos motivos para o preço exorbitante do MREAL está no peso e tamanho, já que os 503g do Quest2 se torna um incômodo depois de algum tempo em uso, este, aliás, é um dos pontos que mais tem sido trabalhado nas versões que estão sendo desenvolvidas.
Óculos ou Celular?
Há diversos outros modelos de óculos para realidade virtual, no entanto cabe ressaltar os modelos que utilizam o seu celular inserido em um “case” similar ao Quest2 e que pode ser encontrado por valores a partir de 30 reais. Estes modelos no entanto não são considerados como equipamentos para o metaverso, devido às atuais limitações que possuem, nem tanto por seu hardware, afinal temos celulares com processadores que rivalizam com alguns computadores mais simples, mas porque não foram desenvolvidos para isto. Eles serve para ter uma experiência de aplicativos criados em realidade virtual e aumentada, mas sem uma imersão e interação de mesmo patamar, então cuidado quando ouvir falar em óculos para o metaverso sendo dado de brinde por cursos que você paga caro, pois normalmente se trata deste modelo, que não se presta para estes fins da mesma forma. Isto não quer dizer que os celulares não irão entrar nessa briga, de fato, a HTC lançou recentemente o modelo HTC Desire 22 com funções exclusivas para o metaverso, ainda não está no nível dos modelos exclusivos para o metaverso, mas está próximo disto acontecer, o que levará a possibilidade de comprar um celular e que também será o seu óculos de realidade virtual, com todas as funcionalidades exigidas, não falta muito para isto.
O HTC Desire 22 Pro já chega de fábrica com aplicativos que permitem o acesso e o gerenciamento de conteúdos de metaverso, incluindo criptomoedas e NFTs
Metaverso exige uso destes óculos?
A maioria dos sites e aplicativos possuem uma versão que pode ser executada apenas no computador, sem a necessidade de um óculos de realidade virtual, mas naturalmente a imersão é completamente diferente. Por hora isto tem suas vantagens pois o uso prolongado segue causando um incômodo, tanto físico quanto psicológico, haja vista que muitos usuários relatam alguma confusão visual depois de longas horas de uso, então alternar a visão para casos que isto seja adequado é uma alternativa viável.
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Na próxima matéria
O texto ficou longo demais nesta semana, mas foi importante para entender as diferenças entre os principais modelos disponíveis, então vamos deixar para a próxima matéria a abordagem sobre os principais aplicativos disponíveis, como adquirir e instalar no seu Quest2, tanto na versão stand alone quanto conectado a um computador. Também será o momento de falar de alguns dos acessórios indispensáveis para melhorar o conforto e a experiência durante o uso deste equipamento. Até lá!