Finalmente uma boa notícia na pandemia. O prefeito Luiz Zaffalon conseguiu junto à Santa Casa 20 leitos para transferir pacientes com COVID-19 para Porto Alegre.
O colapso no sistema de saúde de Gravataí, um “estado de tragédia” como descreveu Zaffa em live, assustou a direção da mantenedora do Dom João Becker, que também administra o Hospital de Campanha – ambos superlotados, como detalhei neste sábado nos artigos Deu na Folha de S. Paulo: Gravataí entre 50 grandes cidades do país com explosão de mortes; ’Não dá para fingir normalidade’ e 12.3.2021, dia do colapso na saúde de Gravataí: 500 por cento de ocupação de UTIs e leitos COVID; Enfiem o negacionismo no r@&#!.
Por gestão do superintendente Antônio Weston, a Santa Casa também está emprestando camas e equipamentos para a Prefeitura ampliar leitos no Pronto Atendimento 24 Horas, também lotado, assim como as UPAs da 76 e da ERS-020 – mesmo que Gravataí tenha, em 30 dias, ampliado a estrutura hospitalar de 32 para 114 leitos.
Nem Prefeitura, nem Santa Casa confirmam a informação com os detalhes que trago.
Acontece que as transferências estão sendo feitas fora do sistema do Governo do Estado, que há 20 dias não autorizava remoção de pacientes de Gravataí para hospitais de referência em Porto Alegre.
Apurei a confirmação com familiares de pacientes já transferidos e profissionais de saúde sob condição de anonimato. Zaffa e o vice-prefeito Dr. Levi usam o termo “novas estruturas” e "arranjos internos" quando falam da estratégia emergencial.
Ao fim, é a Santa Casa chegando de verdade em Gravataí, não só como grife, mas como um grupo hospitalar. Foi na tragédia? Sim, mas é preciso comemorar.
Justifica todo investimento feito desde o governo Marco Alba para, ao aumentar o repasse público em R$ 10 milhões, garantir um maior equilíbrio financeiro e permitir a compra do Dom João Becker pela Santa Casa.
Que a parceria perdure quando passar a pandemia.
ATUALIZAÇÃO
Após a publicação do artigo, a direção do HDJB/Santa Casa divulgou nota.
Siga na íntegra.
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O Hospital Dom João Becker, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, conforme já apontado pela Prefeitura Municipal de Gravataí, anuncia à população que chegou ao seu limite assistencial e que não possui condições de admitir novos pacientes infectados com o coronavírus nesta instituição. Toda a sua estrutura de 99 leitos (sendo 20 leitos de UTI e 79 de internação clínica) para o tratamento de pacientes com Covid-19 encontra-se plenamente ocupada.
A área mais sensível de toda estrutura é o Hospital de Campanha, projetado originalmente para receber 10 pacientes em internação e atender às consultas. Nos últimos dias, tem sido constante a presença de mais de 50 pacientes em atendimento, entre internados e em observação. Essa estrutura não suporta a assistência desse volume de pacientes.
Após detalhada avaliação técnica, verificou-se que não há qualquer possibilidade de expansão na estrutura vigente e o hospital não terá condições de absorver a crescente demanda de pacientes com Covid-19. Se o volume de infectados continuar crescendo no atual ritmo lamentavelmente o número de óbitos irá se multiplicar em Gravataí e em todo o Estado.
Mesmo com todos os esforços, são mantidos uma média de 130 a 140 pacientes internados com coronavírus na instituição. Esse número representa mais de 70% da capacidade original de leitos do hospital. O acréscimo cada vez maior de pacientes com quadro severo de Covid acaba também sobrecarregando médicos e profissionais da enfermagem no atendimento de pacientes não-covid. A medida de interromper o atendimento a novos pacientes Covid se faz necessária, também, a fim de se garantir atendimento de qualidade às outras demandas graves de saúde da população que continuam chegando às portas do Hospital.
De forma a tentar amenizar o atual cenário de superlotação, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, tomou a iniciativa de, no limite da capacidade da unidade Matriz, transferir pacientes infectados de Covid-19 de Gravataí mesmo sem haver regulação estadual. Essa é a segunda vez que a Santa Casa toma esse tipo de atitude para tentar conter o processo de superlotação do Hospital Dom João Becker.
Com esse cenário, que extrapolou qualquer outra crise sanitária ocorrida há décadas, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e o Hospital Dom João Becker comunicam que se chegou ao esgotamento desta estrutura dedicada aos pacientes com Covid-19 e clama à população e aos representantes legais que, por hora, busquem outras alternativas de atendimento para Covid, seja nas estruturas públicas do município seja na própria região metropolitana.
Essa medida será constantemente reavaliada de modo a poder restabelecer os atendimentos tão logo a estrutura do Hospital possa suportar.
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