RAFAEL MARTINELLI

15 dias após operação da Polícia Federal em Cachoeirinha, prefeito Cristian ainda não foi convocado para depor

PF cumpriu ordens judiciais na Prefeitura de Cachoeirinha, em março

Quinze dias após a Polícia Federal deflagrar a Operação Rêmora, para “investigar desvio de recursos públicos, corrupção ativa e passiva e crimes licitatórios praticados a partir da aquisição de equipamentos para escolas do município de Cachoeirinha/RS”, o prefeito Cristian Wasem (MDB) ainda não foi convocado para depor.

Os policiais federais investigam a aquisição de 321 lousas interativas para escolas do município, ao custo individual de R$ 32 mil, chegando aos R$ 10 milhões, realizadas pela Prefeitura de Cachoeirinha no segundo semestre de 2022.

A operação, em parceria com a Polícia Civil, cumpriu nove mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na Prefeitura de Cachoeirinha, na casa do prefeito e também em Porto Alegre, Lajeado, Guaporé, Estrela e Alvorada, onde teria sido presos dois agentes públicos.

Cerca de R$ 23 milhões em bens e valores foram bloqueados em contas de supostos envolvidos na investigação.

A Polícia Civil também participou da operação por já investigar em outros municípios contratos de instalação de rede de fibra ótica e videomonitoramento pela Smart Tecnologia em Comunicações, cujo proprietário Ricardo Giovanella Neto, também alvo de buscas na empresa e em sua residência, por ter presidido o MDB de Lajeado, é usado na narrativa política de que há um esquema envolvendo prefeituras administradas pelo partidos, já que, além de Cachoeirinha, Alvorada e Porto Alegre são investigadas, e outros como Gravataí também compraram lousas; leia em Como governo Zaffa se livrou do ‘contágio’ das compras de lousas digitais investigadas pela Polícia Federal.

Conforme a PF, a investigação teve início em novembro de 2023, a partir de notícias publicadas pela imprensa e apontamentos em relatórios de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A empresa investigada foi contratada por prefeituras gaúchas por meio de adesões a atas de registro de preço do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Rio Taquari (Consisa VTR).

Pela modalidade, uma prefeitura pode aproveitar a licitação feita por outra para fazer as compras.   

A auditoria do TCE citada pela PF como origem da operação em Cachoeirinha também apura compra de lousas pela Prefeitura da Capital.

Os investigadores tem memorando de 2022 no qual a Superintendência de Compras e Licitações da Prefeitura de Cachoeirinha contesta a compra das lousas.

O documento, protocolado no gabinete do prefeito Cristian Wasem (MDB), recomendava a abertura de licitação própria, “com ampla divulgação e concorrência”. Também foi feito alerta para o suposto superfaturamento no preço das lousas.

Cristian respondeu, também por ofício, que a legalidade da contratação era garantida pela Diretoria de Tecnologia da Informação do município e por parecer de um escritório de advocacia privada.

O TCE chegou a suspender a compra, mas reviu a decisão. O conselheiro relator Renato Azevedo revogou dia 18 de janeiro de 2023 a medida cautelar que suspendia o contrato assinado em 2022.

O nome da operação da Polícia Federal em Cachoeirinha faz referência a adesões a Atas de Registros Públicos, que é conhecido como “efeito carona”. Rêmora é o peixe que se acopla em outros animais marinhos, geralmente tubarões, alimentando-se de seus restos de alimentos e pegando carona no animal que se acoplou.


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Pelo que apurei, surpreendeu investigadores a colaboração do prefeito durante a busca e apreensão. Convidou-os inclusive a vasculhar seu escritório de advocacia. Como não constava nas ordens judiciais, os policiais federais não aceitaram. Cristian também ofereceu as senhas para abrir seu telefone particular e notebook.

Ao fim, a explicação do governo Cristian para as compras foi dada ao Seguinte: em Por que prefeito Cristian priorizou compra de 10 milhões em governo interino de Cachoeirinha, hoje sob investigação da Polícia Federal. Nada diferente deve dizer o prefeito caso convocado pela PF para depor.

Concluo como iniciei o artigo A live desastrosa: Prefeito Cristian falar em fake news sobre operação da PF na Prefeitura de Cachoeirinha – e em sua casa – é cortina de fumaça para um erro político primordial:

“Quem me lê sabe que não sou daqueles que permitem aos políticos apenas a presunção de culpa. Parto neste artigo do pressuposto de que o prefeito Cristian Wasem (MDB) é um homem inocente.

Resta à Polícia Federal provar irregularidades contratuais, superfaturamento ou propina.

Ah, e o resto é fofoca de internet.


Assista na SEGUINTE TV vídeo da PF na casa do prefeito

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