Convenção homologou a chapa David Almansa (PT) e Dr. Rubinho (PSDB) para disputar a Prefeitura de Cachoeirinha, em uma das poucas alianças nacionais dos partidos de Lula e Eduardo Leite.
A coligação “Por Amor a Cachoeirinha”, reúne PT, PV, PCdoB, PSDB, Cidadania, PSB, Solidariedade e União Brasil, além do “apoio crítico” do PSOL.
Como não pude acompanhar a convenção, assim como fiz na convenção do prefeito, em Convenção confirma Cristian e Delegado à reeleição em Cachoeirinha; O ‘Crentistão’, uso como base material divulgado pela assessoria da campanha e analiso.
Conforme os organizadores, cerca de mil pessoas lotaram o CTG Roda de Carreta para confirmar a união dos dois candidatos, segundo e terceiro colocados, que enfrentaram o atual governo na eleição suplementar de 2022.
O evento, além das autoridades como a deputada estadual Laura Sito, o presidente da Conab, Edegar Pretto, e o deputado estadual, Miguel Rossetto e os partidos da coligação, teve a presença de lideranças como Aline Mello, presidente municipal dos tucanos e filha do vereador Deoclécio Mello, e o ex-prefeito José Stédile.
Almansa e Rubinho encarnaram aquela máxima do ‘policial malvado e policial bonzinho’.
O vereador petista e sociólogo, o ‘bonzinho’ da dupla, apresentou propostas e, pela proximidade com o ministro de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, se colocou como melhor interlocutor do governo Lula na busca por recursos no pós-enchente, citando os R$ 450 milhões anunciados para prevenção de cheias e estiagens, diques e drenagem em Cachoeirinha, Gravataí e bacia do rio.
Já o ex-vereador tucano e advogado, o ‘malvado’ da noite, fez críticas às suspeitas de corrupção no governo, citando investigações, que foram até a casa do prefeito, sobre supostas compras superfaturadas de cestas básicas, marmitas, lousas digitais, o contrato com a empresa de lixo que ‘não existia’, além dos R$ 2,7 milhões em cartão corporativo cujo destino para conta de servidora aparecia em empenho da Prefeitura.
– Nós vamos devolver essa cidade ao povo, com a participação popular, com serviços públicos de qualidade, com saúde e educação como prioridades, com inclusão, com gestão. A mudança já começou – disse Almansa, que volta à disputa eleitoral, após fazer quase 20 mil votos em 2022.
A guerra Lula-Bolsonaro ficou de fora dos discursos. Enquanto Almansa é petista e lulista de nascença, Rubinho se apresentou na última eleição como o candidato bolsonarista.
Se na vizinha Gravataí o candidato a prefeito Daniel Bordignon (PT) identificou em seu aniversário e na entrevista ao Seguinte: retirada do ar por ordem da Justiça Eleitoral que Luiz Zaffalon (PSDB) é “fascista”, “extremista” e “bolsonarista”, petistas de Cachoeirinha evitaram críticas a Leite.
Aí resta uma contradição que Almansa e Rubinho enfrentarão na eleição. Se o petista se apresenta como interlocutor de Lula, Leite tem subido o tom nas críticas, acusando o governo federal de fazer “anúncios de propaganda”, mas sem os bilhões se transformarem em obras, serviços ou crédito para moradores e empresários atingidos pela enchente.
Mais análises sobre a exótica aliança já fiz em artigos como PT aprova por unanimidade chapa Almansa-Rubinho para Prefeitura; A Real Politik Cachoeirinha e PT de Cachoeirinha deve confirmar aliança de Almansa com ‘RubiNaro’ e o ‘PSDB do Leite’; Dos ruídos à política do Lula, O Ser Político.
A grande aliança de oposição, que segue a política do governo Lula, excluindo apenas o PL que lançou Mano do Parque como candidato, também tem, assim como na aliança de Cristian conta com o advogado André Lima, dois ex-capos do prefeito cassado por questões eleitorais que reputo absurdas, mas alvo de uma eterna investigação do Ministério Público por suspeitas de corrupção em contratos do lixo.
Elvis Valcarenghi, ex-secretário da Fazenda de Miki, hoje no União Brasil, e Everton Ávila, presidente do Solidariedade, aparecem em fotos do evento entre Almansa e Rubinho, que faziam pesadas acusações a eles e ao ex-prefeito.
Ao fim, polêmicas e estreitamento de inimizades à parte, a convenção mostrou que Almansa chega forte para enfrentar o favoritismo de Cristian, agora ameaçado pela candidatura de Mano, do partido de Bolsonaro, que não é nada jóia para o prefeito, já que pode roubar votos de seu campo político.