RAFAEL MARTINELLI

O que Zero Hora antecipa sobre o futuro de Zaffa e dos Alba em Gravataí e o que eles dizem (ou não) sobre isso

Patrícia Alba e Marco Alba nesta segunda-feira, na AL

Zero Hora tentou antecipar nesta segunda-feira o futuro de grupos políticos que se enfrentaram na última eleição em Gravataí, naquela que chamei de III Guerra Política de Gravataí: Luiz Zaffalon x Marco Alba –– pós Abílio x Oliveira e Bordignon x Stasinski.

Olhem o que a coluna do jornalista Paulo Egídio prevê e, a seguir, o que os políticos disseram sobre, ou não, procurados pelo Seguinte: (que na essência tem antecipado o mesmo cenário).

Começo pela primeira nota.

Zaffa indica que vai seguir Eduardo Leite e se filiar ao PSD, o que também sinaliza que o apoio a Dimas deve se confirmar.

– Fui convidado pelo governador a acompanhá-lo. Já disse em público que irei  junto com ele – respondeu o prefeito ao Seguinte:, referindo-se a seu anúncio feito em palestra de Leite em abril na Acigra; leia e assista em SEGUINTE TV | O Sr. Protocolo: vinda do governador mostra o que está no cardápio da política em Gravataí; Os bastidores, em texto e vídeo.

Sincericida, Zaffa não esconde o incômodo em falar em eleições –– antecipação que sempre ameaça esfriar o café de quem está no poder, ainda mais dos reeleitos, cuja sucessão já é deflagrada nos bastidores da política no dia seguinte à abertura das urnas.

– Eu tenho que governar. Fui eleito para isto e faltando tanto para eleição não gosto de perder tempo com conjecturas. O povo de Gravataí me elegeu para resolver uma série infindável de problemas. IDEB ridículo, um hospital maior, drenagem na cidade toda, diques, resiliência climática, rio Gravatai e a segurança hídrica… Pergunta aos moradores da Vila Rica o que eles acham da eleição de 2026? De 2028? Este assunto me aborrece muito. Falo isso em todas reuniões da base, do secretariado, em público: parem de falar em eleição e vamos cuidar da cidade. Vou insistir – concluiu, repetindo o desabafo que já tinha feito em entrevista ao Seguinte: em abril; leia e assista em SEGUINTE TV | 100 dias de Zaffa 2: “Governo bom é que elege. É hora de trabalhar, não de falar em 26 ou 28. O povo não quer saber de eleições”; Assista a entrevista do ‘café quente’.

Se Zaffa não fala diretamente, o colunista interpreta os sinais.

A filiação do prefeito pode acontecer a partir das 9h do dia 30 de agosto. O PSD já convida para filiação de Leite, em evento na Amrigs, em Porto Alegre, com a presença do presidente nacional Gilberto Kassab. O ato tem o sugestivo nome de “O futuro está chamando”, indicando que pode ser a deixa para políticos acompanharem o governador no novo partido.

Caso Zaffa se filie ao PSD, a escolha por Dimas parece uma conseqüência obvia. Retribuiria o apoio que teve para a reeleição em 24. Dimas renunciou à candidatura a prefeito para apoiá-lo quando tinha, como já revelou o secretário da Fazenda Davi Severgnini, 17% nas pesquisas de intenção de voto.

Caso ‘siga’ também conselho de Leite, Dimas aparece como o candidato preferencial. É o ‘embaixador’ do governador em Gravataí e, pela defesa quase sempre solitária que faz do governo em pautas polêmicas na Assembleia Legislativa ou mesmo antes de chegar lá, como sobre pedágios, aumento do ICMS e as críticas ao documentário sobre a enchente, caiu no gosto de políticos do círculo de Leite, como o chefe da Casa Civil Artur Lemos.

Dimas já é o candidato de Davi, identificado como o ‘número 1’ do prefeito, coordenador político que montou na reeleição a maior coligação da história de Gravataí e, no meio político, cotado para a sucessão em 28, como um ‘Zaffa do Zaffa’, emulando a trajetória de outsider das urnas até a Prefeitura.

É natural que o prefeito não anuncie apoio a um candidato que não seja de seu partido. Mas, filiando-se ao PSD, podem completar-se os dois minutos que referiu em ato de Dimas, dia 4 deste mês; leia e assista em “Tá faltando um segundo para completar dois minutos”: Em Gravataí, Zaffa dá sinais de que vai apoiar Dimas a deputado; leia e assista.

Onde fica Dr. Levi neste cenário? É também candidato a deputado estadual, pelo seu Podemos, e já disse que quer ser prefeito em 28; leia em Tudo sobre a reunião que confirmou Dr. Levi como candidato a deputado estadual por Gravataí; do ‘anti-Marco’ ao ‘cavalo manco’. Nunca houve, porém, um acordo para Zaffa apoiá-lo. Repetiram em 24 a chapa de 20 e bola ao centro.

O que Zero Hora apresenta como um “problema” em 26 é, na verdade, uma bomba para ser desarmada, ou armada, em 28.

Vamos então à segunda nota, sobre os Alba.

O Seguinte: contatou Patrícia e Marco Alba buscando uma confirmação. Passadas 24h, não houve resposta. Patrícia, porém, na manhã em que ZH circulou com a notícia, fez postagem ao lado de Marco, em seu gabinete na AL.


Ao Seguinte: em abril, Marco tinha projetado para o fim do primeiro semestre um anúncio sobre o futuro político do casal; leia em Eleito presidente do MDB, Marco Alba e Patrícia são pré-candidatos em 26: o que ele disse após 6 meses de silêncio e Como Marco Alba pode chamar o prefeito Zaffa para a campanha eleitoral de 2026 em Gravataí. Por enquanto, só se ouve o som do silêncio.

Em entrevistas da deputada a outras mídias, ela não fala sobre o assunto e os jornalistas não perguntam. Já o ex-prefeito exerce seu característico poker face: não costuma antecipar as cartas que tem na mão.

Como não há desmentido, resta a notícia publicada. Patrícia não concorre à reeleição, abrindo espaço para Marco, e após dois mandatos embarca numa aventura política: uma disputada vaga na Câmara Federal, que Marco não conseguiu em 22, mesmo em tempos de paz com Zaffa e apoio do governo na campanha.

Fato é que o ex-prefeito precisa de um mandato. A política –– tanto os políticos como o eleitor –– esquece inclusive os bons. E Marco saiu dos espaços formais de poder em 31 de dezembro de 2020. A eleição de Marco é imprescindível para construção de uma candidatura a prefeito em 28. E a Assembleia Legislativa, além de mantê-lo mais próximo da aldeia, é inquestionavelmente um caminho mais fácil para eleição.

Há, ainda, outro rumor nas conversas dos políticos: a possibilidade de Patricia não concorrer, o que abriria possibilidades de Marco fazer dobradinhas RS afora com outras candidaturas a deputado federal.

A fofoca é completa indicando que a hoje deputada estadual seria convidada para ser secretária de Estado.

O governador, que sonha com a Presidência da República, deve concorrer ao Senado, e licencia-se em abril. Assume o vice e candidato à sucessão, Gabriel Souza, do MDB de Patrícia e Marco, que goza novamente de uma relação próxima ao casal, como já reportei em Vice-governador Gabriel Souza jantou na casa de Marco e Patríca Alba, em Gravataí.

Ao fim, a política é fácil de ler quando se abstraem as paixões. O pragmatismo reina.

“Quem informou ZH?”, é uma pergunta corrente desde ontem, no meio político, que sempre evoca o “cui bono”, o “a quem beneficia” a informação circular neste momento.

Não arrisco resposta.

Fato é que pouco deve errar Zero Hora, ou o Seguinte:, que já vinha antecipando quase o mesmo: devemos ter nas urnas outro ‘GreNal’ entre os grupos de Zaffa e Alba.

Será, também, um desafio ao prefeito. Eleito em 2020 tendo Marco como seu ‘Grande Eleitor’, foi reeleito em 24 como conseqüência de seu próprio governo e popularidade e, em 26, experimentará a primeira eleição na qual, se realmente apoiar alguém, colocará sob teste a condição de novo ‘Grande Eleitor’ –– algo que a política raramente permite a chance de dizer não.


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