Cachoeirinha fechou o Hospital de Campanha, Gravataí não. Ainda. A avaliação sobre a ocupação de leitos covid será avaliada nas próximas duas semanas. Acerta Luiz Zaffalon (MDB) em investir no HC frente à imprevisibilidade da pandemia, que tem um elemento novo: a volta às aulas.
– A despesa é elevada, mas a orientação do prefeito é só descentralizar o atendimento quando tivermos mais segurança. Os indicadores precisam cair mais – explicou o secretário da Saúde ao Seguinte:, na manhã desta segunda-feira.
Régis Fonseca lembra o colapso da saúde em março, o pior mês da pandemia, cuja letalidade detalhei em A virulência da COVID em Gravataí: O mês que teve mais mortes que nascimentos:
– Com os números baixos do início do ano preparamos um projeto para redução de leitos covid com a possibilidade de retomada rápida. Em uma segunda de março conversamos com a Santa Casa, mas na quinta as internações explodiram, chegamos a 500% de ocupação, e precisamos ampliar ainda mais os leitos. O momento é bom, toda Grande Porto Alegre reduziu internações e hoje temos uma ocupação de 90%. Mas a pandemia é imprevisível.
Essa ocupação representa um indicador positivo porque Gravataí já reduziu leitos covid de 150 para 38. Mesmo assim os custos do HC seguem acima de R$ 1 milhão mensais preocupam o governo Zaffa. O orçamento da saúde esgota em agosto, como alertou o secretário da Fazenda Davi Severgnini, em Onde foi o dinheiro do socorro federal para Gravataí; O que ’CPI do Bolsonaro’ encontraria se investigasse.
– Para os 10 leitos covid do Hospital de Campanha, com ventilação respiratória, o Ministério da Saúde repassa R$ 150 mil por mês e a Prefeitura precisa complementar com R$ 1,3 milhão – informa Régis Fonseca.
Para as 16 UTIs do Hospital Dom João Becker a diária repassada pelo governo federal é de R$ 1,6 mil e o custo R$ 2,7 mil.
– Estamos negociando com a Santa Casa e buscando habilitação para garantir que a pandemia deixe um legado de novos leitos – diz Régis Fonseca.
O secretário não adianta a estratégia de descentralização do atendimento em caso de fechamento do HC, mas, como único hospital de Gravataí, o Dom João Becker deve seguir como principal porta de entrada para covid, com apoio das UPAs da 74 e da 020, além do PAM 24 Horas.
Em Cachoeirinha, o Hospital de Campanha fechou, após um ano e 21 mil atendimentos, como um dos principais acertos do governo, como tratei em 100 dias de Miki em Cachoeirinha: maior acerto do prefeito é o que quase o fez perder reeleição. Os serviços foram descentralizados.
– Enfrentamos o pior momento da pandemia e o HC foi peça fundamental. Agora, iniciamos um novo ciclo, trazendo os equipamentos e os serviços para dentro da rede permanente da Prefeitura. Este é um legado – explica o prefeito Miki Breier.
Os casos graves de coronavírus são atendidos na UPA 24h Francisco de Medeiros (Av. Capitão Garibaldi Pinto dos Santos, 1301). Pessoas com sintomas leves devem procurar as UBS Odil Silva de Oliveira (Rua Paranaguá, 105) e UBS Décio Martins Costa (Rua Dr. Décio Martins Costa, 464).
– Nossa população será igualmente assistida – garante o prefeito.
– Com os equipamentos do HC equipamos a UPA e as duas unidades, que funcionam entre 7h e 19h, com respiradores, raio-x e todo aparato necessário para enfrentar o coronavírus. Também remanejamos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, além de duas salas para medicação. É um legado para toda saúde de Cachoeirinha, covid ou não – detalha Vanderlei Marcos, que dirigia o HC e agora comanda as unidades ambulatoriais covid 12h.
O diretor explica que nas últimas quatro semanas a média de atendimentos no HC foi de 50 pacientes, o que permitiu o que chama "descentralização".
– Não saiu da cabeça do prefeito, do secretário da Saúde (Juliano Paz) ou minha. São indicadores da Vigilância Epidemiológica, comandada tecnicamente pela Gisele Tertuliano. Nossa estratégia foi criar portas de entrada na zona norte e sul. Os moradores da região central já procuravam mais o (Hospital) Padre Jeremias – argumenta.
– Há especialistas que alertam para uma terceira onda, mas não é o que mostram os indicadores de hoje. De qualquer forma, a unidade Odil está preparada para abertura de leitos de retaguarda caso seja necessário ampliar a internação – garante Vanderlei Marcos.
Ao fim, acerta Zaffa como aconteceu com o ex-prefeito Marco Alba que, em 2020, mesmo no oba-oba da eleição, em que o mapa do RS foi pintado de laranja, manteve o Hospital de Campanha aberto e as taxas de ocupação foram subindo até chegar ao colapso.
Inegável é que há um elemento novo na imprevisibilidade da pandemia: a volta às aulas, que entre professores, funcionários, alunos, famílias e contatos indiretos, relaciona 200 mil pessoas entre Gravataí e Cachoeirinha.
Alertei ontem, em Segunda de volta às aulas do 3º, 4º, 5º ano em Gravataí: prefeito e professores divergem; Entre ’aos poucos a normalidade’ e ’o Centro estava um horror’: o efeito sanitário do retorno gradual às aulas só poderá ser medido no fim do mês, quando saberemos se o pior passou, ou experimentaremos novo ‘efeito sanfona’, como profetiza Miguel Nicolelis e reportei em O ’caminho da extinção’: Gravataí volta ter mais nascimentos que óbitos; O Nostradamus da pandemia e a profecia da terceira onda.
LEIA TAMBÉM
Professores de Gravataí pedem suspensão de aulas presenciais; O que decidiu assembleia
Cafajestes de Gravataí e Cachoeirinha, respeitem os professores!